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"O saber do Ancião nas Comunidades Ciganas"

27/02/2020

Uma das tradições milenares da cultura cigana é o respeito pelos homens mais velhos, enquanto pessoas mais sábias e experientes, denominados de anciãos. Os mais velhos têm sempre uma palavra a dizer sobre o destino da comunidade. São estas normas/tradições pré-determinadas que orientam as práticas e as vivências diárias deste povo e embora não exista a submissão dos mais novos aos mais velhos, o respeito que lhes conferem está enraizado dentro de cada um destes indivíduos, pois é aos indivíduos mais velhos que são pedidos conselhos e orientações de forma a resolver problemas. São os mais velhos que exercem o controlo social, tentam garantir a conformidade necessária às normas pelas quais o povo cigano se orienta, de forma a manter a coesão social. Os anciãos são assim guardiões e transmissores da cultura cigana e por isso são fortemente respeitados dentro da comunidade, pois são os detentores das tradições, sendo o seu papel um dos maiores tesouros da cultura cigana.

É por isso que no seio da comunidade cigana existe um respeito pelos mais velhos, pois são eles que transmitem o conhecimento e a sabedoria, são respeitados pela sua experiência de vida. O papel de Ancião está também, por norma, sempre associado a uma figura masculina de ‘homem de respeito’ que desempenha, no âmbito dos grupos ciganos, funções de autoridade no seio das relações de parentesco, não tanto por causa da idade, mas pelo seu percurso de vida, conduzido com correção e ‘dignidade cigana’ e pela detenção de determinadas qualidades como a justiça, o ‘dom da palavra’, o fato de agir e interagir de forma correta com as pessoas na sua generalidade, quer sejam ciganos ou não ciganos. Esta figura de líder, de prestígio, de ‘homem de respeito’ e a sua autoridade ultrapassa por norma o grupo familiar e parental para que outras famílias ciganas o procurem para lhe pedir conselhos, podendo, inclusivamente, atuar como mediador em caso de conflito.

Quando se realizam algumas festas, como casamentos ou batizados, é sempre solicitada a opinião de um ancião e são seguidos os seus concelhos para que tudo corra da melhor forma possível. Também em muitas das disputas e litígios entre membros do povo cigano, é habitual recorrerem a uma pessoa mais velha para dirimir o conflito, sendo que as suas indicações para a resolução do problema são tidas em grande consideração.

Relativamente à existência de patriarcas na cultura cigana, essa figura é um mito, pois não existe esse papel dentro desta etnia, existe sim uma grande importância atribuída aos elementos mais velhos, por serem os detentores de maior sabedoria e de conhecimento sobre os costumes e tradições ciganas.

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